O HOMEM MOISÉS E A RELIGIÃO MONOTEÍSTA (PARA LER FREUD)

Ler "o homem moises" é sempre uma passagem por um desfiladeiro enigmático. Com estilo inconfundével, Freud iguala a imagem que exerce o poder da instabilidade - o corpo pesado da estátua de pés de barro - a uma outra prenhe de leveza, embora transmita também a ideia de equilíbrio precário: 'Este trabalho que tem Moisés como ponto de partida parece a minha crítica como uma bailarina a se apoiar na ponta de um dos pés.' A força poética dessa afirmativa exige do leitor, na mesma medida, leveza, precisão e arte na leitura do texto. Imaginação e ousadia podem levá-lo a uma grande aventura de aprendizado cheia de suspenses e de surpresas. São essas as qualidades também presentes na desconstrução freudiana da identidade de Moisés; na decifração do enigma sobre a origem do judaísmo; no modo como são perseguidas as desfigurações do relato bíblico; nas incursões pelo universo da historiografia da egiptologia; no desvelar o desmentido do assassinato de Moisés."