A VELHA (MIR)

'A velha' traz um enrendo que, com toques autobiográficos, mistura o banal do cotidiano com situações absurdas. A personagem que intitula a obra aparece logo nas primeiras linhas. Uma velha que observa um relógio sem ponteiros e com quem cruza o narrador. Como Kharms, seu personagem também é um escritor às voltas com uma crise criativa. Para superá-la, quer escrever um conto sobre um milagreiro, mas não consegue ultrapassar as primeiras linhas. Seu processo de escrita, no entanto, logo é interrompido. Abre a porta de sua casa ao som de batidas e observa, perplexo, a velha entrar e sentar em sua poltrona preferida. Quer expulsá-la mas, em uma cena um tanto absurda, cochila de bruços no chão, na posição que a velha o mandou ficar. Quando acorda, a velha ainda está na casa, mas em uma situação que compromete o narrador. Aparentemente, ela morreu dormindo, e seu anfitrião precisa descobrir uma maneira de se livrar do corpo discretamente.