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A PARTIDA

Aminah Barbara Haman
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Sinopse
Uma escrita divagante que procura a gênese do conflito que passa pelo corpo da escritora a partir de sua memória ancestral e das experiências que vive no território mítico que compõe seu imaginário. É um texto auto-reflexivo escrito por um Narciso que não vê com nitidez o próprio rosto, pois a água em que se reflete é turva e lamacenta. É possível um palestino falar do próprio trauma? As elisões do texto, a opção por indiferenciar palavras estrangeiras de palavras em língua portuguesa, os erros contextuais, a alternância entre norma culta e linguagem coloquial, a confusão dos tempos verbais, a mudança brusca de assunto e os escapismos revelam o contexto nonsense palestino-israelense.O texto consiste em relatos de viagem à Palestina, realizada entre maio e agosto de 2017, a fim de resgatar memórias de uma família que, assim como outras, sofre com a despossessão e o desenraizamento da própria terra, assim como os pés de oliveiras arrancados. O nomadismo se reproduz no modelo planejado para a jornada, passando por diversas cidades pré e pós Nakba, como Jerusalém, Nazareth, Lydda, Ramla, Ramallah, Birzeit, entre outras, incluindo Amman, na Jordânia.Na medida em que a viagem se estende para além dos 20 dias previstos pela data de retorno estabelecida pela passagem aérea, acontecimentos não roteirizados se desdobram e o pretenso tom objetivo se esgarça, dando espaço a uma narrativa íntima, conforme a narradora se vincula ao território palestino.A partir da questão palestina, vista pela ótica de uma mulher com identidades palestina e brasileiro-nordestina, cujo nascimento e formação se deu em São Paulo, nota-se a impossibilidade de tomar um posicionamento unilateral e intransigente sobre o problema. Se como disse Butler, parafraseando Arendt, a coabitação não é uma escolha, mas uma condição política, a solução que se sugere é de constituição de unidade estatal entre palestinos de Israel, palestinos de Jerusalém, palestinos da Faixa de Gaza, palestinos da Cisjordânia e de israelenses; entre Palestina-Israel, constituindo um estado binacional e concedendo o direito de retorno aos palestinos em exílio espalhados pelo mundo. Naquele território hoje há em comum a presença de dois povos diaspóricos que reivindicam a mesma terra. A discussão sobre qual é o povo originário, seja a partir da narrativa histórica, bíblica, talmúdica ou arqueológica não pode ser o elemento determinante para que se estabeleça Justiça e Igualdade, para que palestinos estabeleçam sua autodeterminação.No Brasil, o livro vem à público em um momento político bastante delicado, em que ascende ao poder um presidente cujo discurso de ódio é repudiado por mulheres, LGBTQ, indígenas, negros, judeus, muçulmanos etc. Por outro lado, esse mesmo presidente encontra apoio da bancada neopentecostal, cuja questão religiosa é usada como pretexto para manipular a população em prol de uma causa comum, mas com benefícios somente para um restrito grupo de privilegiados. Do mesmo modo, o novo presidente estabelece acordos comerciais com Estados Unidos e Israel, cujos interesses econômicos manipulam o discurso e corrompem conceitos - assim como a Arábia Saudita, país wahabita, que também se alinha às duas potências.Não seria esse momento difícil, politica e eticamente, o propulsor para o exercício da empatia com as diversas populações subalternas dentro e fora da complexa sociedade brasileira? Não seria esse o momento de repensar os próprios privilégios?

Categoria
Editora Patuá
ISBN-13 9788582977309
ISBN 8582977301
Edição 1 / 2018
Idioma Português
Páginas 203
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