EI, VOCÊ CONHECE ALEXANDER GUARACY?

Que pode se esconder por trás de uma pergunta sobre alguém, repetida com frequência? Um indivíduo, um destino, uma sina? Qualquer que seja a resposta, sua repetição gera um sobressalto de ansiedade e mistério em quem a escuta. Este é um conto (quase uma novela) em que uma indagação inicial (Ei, você conhece Alexander Guaracy?) faz aflorar as múltiplas possibilidades da existência para as personalidades improváveis e súbitas, que podem surgir no breve caminho de nossa história de vida. E, talvez, algo mais além disso. Nele a pergunta é tanto o personagem quanto o personagem é a pergunta, numa tensão caminhando para um desfecho que surge, tão surpreendente quanto a indagação inicial, nos tênues limites entre a ficção e a realidade. O segundo título, "Buraco de Relógio na Testa" é um conto sobre a memória do horror a pontuar a vida de um casal. Neste caso, o lado sombrio das horas súbitas e não desejadas, sobrepõe-se à frágil felicidade de uma tentativa de união para cravar abismos e vazios como escala de vida. No terceiro episódio do livro, "Viagem tão longa", um filho ajusta contas sentimentais com o pai através de uma viagem que pretenderia poética não fossem as circunstâncias. Intenções, afetos e culpas afloram nessa estranha viagem em que se tenta resgatar o amor, confrontando a velocidade de uma moto com a velocidade inexorável dos fatos e da incomunicabilidade entre as gerações.