BRASIL, CRISE INTERNACIONAL E PROJETOS DE SOCIEDADE
Wladimir Pomar
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Sinopse
Próximo de completar a terceira década do regime democrático iniciadoem 1985 o mais longo de toda sua História , o Brasil vem se afirmandocomo uma das principais nações a vivenciar mudanças significativas no tradicionalmodo de fazer política. Com três mandatos consecutivos de convergênciaprogramática, os governos Lula e Dilma consolidam o reposicionamentodo país no mundo, bem como realizam parte fundamental da agenda populare democrática aguardada depois de muito tempo.Lembremos, a última vez que o Brasil havia assistido oportunidadecomparável, remonta o início da década de 1960, quando o regime democráticoainda estava incompleto, com limites a liberdade partidária, intervençõesem sindicatos e ameaças dos golpes de Estado. O país que transitava àépoca para a sociedade urbana e industrial conheceu lideranças intelectuaisengajados como Darcy Ribeiro e Celso Furtado, para citar apenas algunsícones de gerações que foram, inclusive, ministros do governo progressistade João Goulart (1961-1964).A efervescência política transbordou para diversas áreas, engajadas e impulsionadaspelas mobilizações em torno das reformas de base. A emergênciade lideranças estudantis, sindicais, culturais e políticas apontavam para a concretizaçãoda agenda popular e democrática.A ruptura na ordem democrática pela ditadura militar (1964-1985),contudo, decretou a vitória das forças antirreformistas. O Brasil seguiu crescendoa partir da concentração da renda, impondo padrão de infraestrutura(aeroportos, portos, escolas, hospitais, teatros, cinemas, entre outros) paraapenas parcela privilegiada do país. A exclusão social se tornou a marca damodernização conservadora.Em 1980, a economia nacional encontrava-se entre as oito mais importantesdo mundo capitalista, porém quase a metade da população ainda encontrava-se na condição de pobreza e um quarto no analfabetismo. Nas duasúltimas décadas do século passado, mesmo com a transição democrática, aeconomia permaneceu praticamente travada, num quadro de semiestagnaçãoda renda per capita e regressão social. O desemprego chegou a 15% da forçade trabalho no ano 2000, acompanhado de elevada pobreza e desigualdade darenda, riqueza e poder.Para enfrentar os próximos desafios pela continuidade da via populare democrática, a Fundação Perseu Abramo reuniu e associou-se a uma novageração de intelectuais engajados na continuidade das lutas pelas transformaçõesdo Brasil. Após mais de oito meses de trabalho intenso, profundoe sistêmico, com debates, oficinas e seminários, tornou-se possível oferecera presente contribuição sobre problemas e soluções dos temas mais cruciaisdesta segunda década do século XXI.Na sequência, espera-se que a amplitude dos debates entre distintossegmentos da sociedade brasileira possa conduzir ao aprimoramento do entendimentoacerca da realidade, bem como das possibilidades e exigênciasnecessárias à continuidade das mudanças nacionais e internacionais. A leituraatenta e o debate estimulante constituem o desejo sincero e coletivo da FundaçãoPerseu Abramo.