PILARES DO TEMPO

"Darwin não usou a evolução para promover o ateísmo ou para afirmar que nenhum conceito de Deus jamais poderia ser equacionado com a estrutura da natureza. O que ele argumentou foi que a factualidade da natureza, se interpretada segundo o magistério da Ciência, não é capaz de resolver, nem mesmo de especificar, a existência ou o caráter de Deus, o significado definitivo da vida, as bases corretas da moralidade ou qualquer outra questão pertencente ao magistério distinto da religião." Para Stephen Jay Gould, morto no início de 2002, ciência e religião não precisam se abrigar sob um esquema comum de explicação ou análise; mas as duas experiências não devem ser conflitantes. Esta afirmação está na tese simples e profunda de Pilares do tempo, um dos seus últimos trabalhos. O cientista lança uma nova luz sobre um dilema que intriga pensadores desde o Renascimento. Em vez de optar entre a ciência e a religião, ele pergunta por que não optar por um equilíbrio que dê dignidade e distinção a cada uma dessas áreas. No centro da argumentação de Gould está um princípio que chama de MNI (magistérios não-interferentes) — uma ´solução maravilhosamente simples´ que permite que ciência e religião coexistam de forma pacífica. A ciência define o mundo natural; a religião, nosso universo moral, reconhecendo-se suas esferas de influência distintas. Ao elaborar e explorar esse conceito, Gould examina a história da ciência, traçando retratos de cientistas e líderes morais em luta com problemas de fé e razão. Referências a figuras históricas como Galileu, Darwin e Thomas Henry Huxley tornam mais vívida sua argumentação de que os indivíduos e as culturas devem cultivar ao mesmo tempo uma vida espiritual e uma vida de questionamento racional, de modo a poder experimentar a plenitude de ser humano.