Sinopse
«Às cinco horas acampámos. Deste lugar para o sul terminam as habitações e começa uma longa floresta, que nos levou três dias a atravessar. Constitui ela nesta zona a orla da mata com que defrontam pelo ocidente o Quipungo, Quiita, Gambos, etc., e que o Cunene delimita pelo oriente: valhacouto de quanto bicho bravio existe, pois, quase impenetrável pela espessura do arvoredo, é composta na maior parte de espinheiros. Por lá divagam elefantes, rinocerontes, búfalos e leopardos, a coberto de qualquer agravo do rei da criação, pastando e entredevorando-se placidamente, sem que pessoa alguma pense em perturbá-los.» Do capítulo VI, volume I"De Angola à Contracosta" é o relato empolgante da viagem de exploração que durante sete meses e ao longo de 4500 quilómetros levou H. Capelo (1841-1917) e R. Ivens (1850-1898) a atravessar o continente africano do litoral da Huila a Quelimane. Verdadeiro clássico da literatura de viagens portuguesa, tornou-se um marco incontornável das narrativas de exploradores na tradição de outros notáveis africanistas como Stanley e Livingstone. O livro «encerra a história de uma peregrinação, modelada passo a passo nos apontamentos do respectivo diário» conduzindo-nos «nessa tortuosa vereda trilhada, desde Angola até Moçambique; por meio de serras e planuras, pântanos e desertos; (...) desde o mar Atlântico até ao Índico!»