Sinopse
Geografia afetiva é como um livro de viagens, feito na forma de crônicas. Não importa se o autor às vezes se aventura dentro de sua própria cidade: os acontecimentos têm sempre o sabor da novidade que garante as descobertas a quem conserva o espírito de um observador coisa que todo viajante é. Através destas histórias, o leitor passeia tanto por cidades quanto por ideias, visita tempos antigos e experimenta saudades do que não viveu. Os personagens surgem no retrato de vários temperamentos, como se cada um funcionasse numa frequência própria. Os relacionamentos, então, parecem acontecer como ruídos, tentativas de compor uma melodia que invariavelmente se despedaça. Mas nem tudo é pessimismo mergulhado em fina ironia. Há neste livro momentos de grande poética e, sobretudo, há páginas bem humoradas. Ao percorrer esta geografia de diversos afetos, podemos encontrar causos com sabor anedótico, traço que emerge também no território estrangeiro, quando o autor conta episódios vividos na França e na Polônia, alcançando os seus instantes mais criativos não só na escrita, mas na própria existência que inspirou estes relatos. Assim como afirma uma crônica de Renato, o sonho se transforma na pessoa que o sonhou. Podemos, então, desenvolver o conceito e concluir que um livro igualmente se transforma no leitor que o leu. É dessa maneira que a obra continuará a ser palmilhada, cada linha desenhando o terreno da imaginação, nascido na vida mas mantido pelas palavras.