Sinopse
Poder-se-á dizer que os textos têm sexo? E se o têm, o que dizem sobre a identidade dos seus autores?Em que sentido falo de sexo dos textos?Esta designação parece-me especialmente sedutora como sugestão metodológica. Em vez de partirmos do princípio de que as mulheres escrevem de forma diferente dos homens, partimos de uma identificação dos elementos, clara ou veladamente, sexuados que os textos possam conter. E é assim que se configuram predominâncias, de forma a podermos distinguir duas fundamentais modalidades de escrita: uma mais próxima do que é a vida, historicamente determinada, das mulheres, e outra mais de acordo com a maneira dominante de estar no mundo, a dos homens (com tantas variantes em cada uma delas quanto os autores). Só então se estabelece a relação texto/sexo do autor. E então é possível verificar como a escrita no feminino é, como é natural, a de autoria feminina, mesmo se alguns homens-escritores a tornam sua; mesmo se alguns autores revelam aqui e ali traços idênticos. Mais: é possível descobrir ainda nessa escrita algumas vertentes de novidade trazidas pelas mulheres à literatura - vertentes, em geral, silenciadas, ou silenciosas, ou simplesmente inexistentes nas narrativas masculinas.