Sinopse
A dinâmica de Cidade fantasma segue a arquitetura bela e, ao mesmo tempo, opressora das cidades. Assim como nos filmes de Antonioni, o eu-lírico dos poemas se vê como parte desta arquitetura, mas não se sente integrado a ela. A cidade é uma proliferadora de fantasmas, que se cruzam pelas ruas, incapazes de encontrar no outro qualquer sinal de compatibilidade. Em Cidade fantasma a paisagem urbana parece refletir o próprio homem, suas sombras, seu vazio. É como se a cidade fosse uma extensão de seu corpo: o concreto é maciço, mas repleto de fissuras. Assim como a estrutura da cidade, a forma fragmentada dos poemas e a linguagem cortante espelham a arquitetura íntima do homem moderno. Um homem que fracassa no intuito de encontrar a si mesmo, um homem perdido no tempo/espaço, à mercêdo deus-nada.