Não deixe seus livros parados na estante. Troque seus livros com 200 mil leitores. Participe!

CADASTRE-SE

ANDAVIA

Tavares Noel
(0) votos | (0) comentários

Sinopse
O poeta e compositor Noel Tavares publicou, em 2009, seu segundo livro de poesia Andávia, em edição particular, com incentivo público. Os seus poemas falam preferencialmente de coisas cotidianas, terrenas, abrindo espaço também para o sentimento lírico, a revolta ante as injustiças sociais e a convivência familiar e fraterna. Contudo, no poema aqui escolhido, Ode à cidade do Recife”, Tavares estabelece o seu campo de atuação urbano, ao cruzar as fronteiras marginais da cidade, ao adentrar as esquinas, ruelas, mercados e bares onde se fomentam as vivências precárias e diferenciadas dos esquecidos, dos desocupados e sem função social definida na grande máquina movida pelo sistema político-financeiro da cidade e do país. Faz referência a poetas pernambucanos como Manuel Bandeira e Carlos Pena Filho, parodiando-os. Pena Filho tem um longo poema sobre o Recife, que se situa historicamente a partir da criação da cidade, passando pela expulsão dos holandeses, até chegar ao nosso tempo, o Guia prático, onde costumes e hábitos são dissecados nos bairros centrais e nos subúrbios. É um canto que se rebela também com as vivências pequeno-burguesas da cidade, com a indiferença mostrada na relação com seus filhos, expulsando alguns deles para outras paragens. Tal como no poema de Noel Tavares, que aqui se transcreve:"Hoje, não cantarei o Recife de Manuel Bandeira,o Recife da lira e das bandeiras liberais,o Recife do chicote-queimado na rua da União,do coelho; sai-não-sai, sai-não-sai.O coelho sai? Não sai!Hoje, cantarei o Recife das mulheres da vidae desses homens marginais. O Recife dos loucosque estendem as mãos e riem de si mesmoscomo se fossem seres tão normais.O Recife dos heróis, sem glória e sem nome,cuja lista daria tranquilamente para encher as estantesda Academia Real de Londres.Hoje cantarei o Recife dos mangues, das palafitas,das crianças exangues, que teimam em existir.O Recife das crianças que andam sobre a lamaem busca de um siri.Hoje, cantarei o Recife do: é melhor partir.Mamãe, eu acho que vou para o Rio de Janeiro,acho que lá não tem um rio que fede igual a esse aqui.Mas o rio Capibaribe não escuta,porque está preocupado em invadir a várzeapara desovar a miséria.Recife é coisa séria! Às vezes, esquisito;ás vezes, esquistossomose.E enquanto um delira, o outro morresem saber do que, por que e para que.E lá no bar Savoy, tantos de porre!Lá no bar Savoy, onde o poeta Carlos Pena Filhonunca disse: Recife, eu tenho pena de você.Hoje cantarei o Recife das pontes,mas não da família Pontes, nem Vieira, nem Freiree nem Bandeira. Hoje cantarei o Recife das pontes,entre a bastança do ter e do não ter.O Recife dos mendigos, desses artistas de circoQue saltam do trapézio pra morrer. Tampoucocantarei o Recife de terno, do cinema moderno,pois o filme real desta cidade não passa mais ali.Cantarei o Recife das igrejas, da erva e da cerveja,do porre e do xixi.– E eu não quero ir pra Pasárgada.Eu quero é ficar aqui!(Luiz Carlos Monteiro) http://omundocircundante.blogspot.com.br/2010/03/notas-cotidianas-e-literarias-xviii.html

Categoria
Editora Bagaço
ISBN-13 9788537305799
ISBN 8537305790
Edição 1 / 2009
Idioma Português
Páginas 136
Estante 0  0  0   0
Sua estante
7% chance de ser solicitado

CADASTRE-SE


AVALIAÇÃO DO LEITOR
Já leu o livro? Comente!

Quero comentar sobre este livro