Sinopse
Os contos de Peterson Nogueira frequentemente começam com descrições de paisagens ou impressões psicológicas, que vão se desdobrando lentamente em paisagens geográficas e sociais, as quais ajudam a compor o quadro humano dos personagens. Desse modo, eles nunca se entregam de uma vez ao leitor, que se sente como se juntasse peças de um quebra-cabeças cuja composição completa só se permite perceber ao fim de afixadas as suas últimas pequenas partes - o que invariavelmente é motivo de recompensa e satisfação estética.Mas a dimensão da obra faz com que a analogia mais adequada seja a da construção de verdadeiros murais, capazes de retratar situações cujas raízes estão na "aldeia", mas que possuem amplitudes subjetivas e físicas que nos levam, por exemplo, do semiárido potiguar a Dublin ou Buenos Aires. Ou de uma criança de seis anos deixada sozinha em casa enquanto todos foram ao funeral de sua própria mãe, até ao homem pacífico e trabalhador que um dia resolve caminhar nu em direção à casa do chefe do tráfico da comunidade onde mora.