Sinopse
O espaço que me foi destinado para apresentar os poemas de Alexandra Vieira de Almeida chama-se orelha, portanto muito adequado para uma poesia que se relaciona tão fortemente com a orelha, com os tímpanos, com o ouvido interno da leitura, com os labirintos que o som percorre para encantar/alertar o leitor. Sem promover as escalas de uma musicalidade fácil, o som destes poemas remete a uma síntese entre imagem e ruído, como aponta o verso do inaugural Vertigem: arabismos de uma música inumana. Os versos, predominantemente extensos, arquitetam imagens cuja relação próxima com o som faz figurar a experiência de uma poesia que se dirige ao ouvido do leitor: Ouço um suspiro na noite/ da torre de sete portas, hortas ( Cemitério sentimental). O leitor deve se preparar para estes poemas, ora cantos, ora sinfonias, por vezes ruídos de uma experiência que transita entre o sonho e o rito. [✒️ por Marcelo dos Santos]