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LÁ DO LADO DE CÁ

Marcelo Da Silva Ribeiro
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Sinopse
Muito já se escreveu sobre a efervescência política e cultural ocorrida na década de sessenta. Foram anos de rompimento com o passado conservador, marcados por frenética busca de novos padrões de comportamento, especialmente de uma juventude sequiosa por mudanças nas relações sociais e políticas. É proibido proibir”, Não acredite em ninguém com mais de 30 anos”, Paz e amor”, Faça amor, não faça a guerra” são alguns slogans dessa época que bem atestam o clima de ruptura com o chamado establishment, vocábulo então em moda, que expressava tudo que era considerado reacionário, conservador. O contraponto foi a criação do que se chamou de cultura underground, ou contracultura, esteada no trinômio drogas, sexo e rock’n roll.O fato é que essa onda libertária que começou na Europa e nos Estados Unidos espraiou-se para o resto mundo, vindo a causar um forte impacto no Brasil, àquela época sob ditadura militar. Entre as inúmeras formas de contestação, sem dúvida, a chamada música de protesto, assumiu papel importante como veiculo de conscientização das massas” para as mudanças que inevitavelmente iriam ocorrer no cenário político e cultural. Bob Dylan, Joan Baez, John Lennon, Janis Joplin foram alguns dos ídolos que ganharam prestigio internacional como verdadeiros porta-vozes dos jovens contestadores.No Brasil, a música de protesto atingiu seu auge com o memorável desempenho do cantor e compositor Geraldo Vandré, no III Festival Internacional da Canção, em 1968, quando incendiou o Maracanãzinho ao interpretar a emblemática Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores (Caminhando), com transmissão ao vivo pela Rede Globo de Televisão, conquistando o 2º lugar do certame. O anúncio da primeira colocada, Sabiá, de Tom Jobim e Chico Buarque, foi recebido com uma estrondosa vaia das 12 mil pessoas que lotavam o estádio. Possivelmente a maior de todas as vaias da história do Maracanãzinho. Isto dá uma idéia do clima de radicalização daquela época. A canção de Vandré, que se tornaria um hino contra a ditadura, evidentemente foi proibida pelos militares, somente vindo a ser gravada 11 anos depois, pela cantora Simone, com enorme sucesso.Paralelamente à música de protesto, outra manifestação surgida nessa fase de ebulição política e cultural foi o Tropicalismo que propunha uma nova estética baseada na simbiose entre a tradição acústica e as novas formas de expressão eletrificadas que eclodiam em escala planetária. Guardadas as proporções e fazendo-se a devida redução sociológica, o tropicalismo, também ideologicamente antropofágico, foi uma espécie de Semana de 22 na música brasileira. Seria, no dizer de Caetano Veloso, um dos principais líderes do movimento, a retomada da linha evolutiva da música popular brasileira”, estacionada no minimalismo bossanovista criado pelo gênio de João Gilberto com a sua revolucionária batida.E essa retomada (tropicalista) contou com a adesão de ilustres figuras do cenário erudito a exemplo dos maestros Júlio Medaglia, Damiano Cozzella, Sandino Hohagen e Rogério Duprat. Os três primeiros fizeram os arranjos do LP Caetano Veloso, de 1968, notadamente de Tropicália, Alegria, Alegria, Superbacana e Soy Loco por ti América, músicas conceituais e definidoras do nascente movimento. Convém assinalar que o maestro Sandino Hohagen passou uma temporada em Aracaju, no inicio dos anos 60, a serviço da Secretaria de Educação e Cultura.E como nos versos da canção (E foste um difícil começo/Afasto o que não conheço) o movimento tropicalista (e a jovem guarda) foi duramente combatido, inclusive com uma surreal passeata de protesto pelas ruas centrais de São Paulo, devido ao uso das guitarras elétricas, encabeçada pela pimentinha Ellis Regina (Fino da Bossa) tendo ao lado um encabulado Chico Buarque, que, certamente, até hoje, deve corar ao lembrar-se daquela passeata descabida e intolerante. Enquanto os puristas faziam seus protestos pueris, os tropicalistas radicalizavam, levando o tenor Vicente Celestino a cantar a sincopada o Pato, um dos maiores sucessos do papa da bossa nova. Posteriormente, Caetano gravaria a trágica Coração Materno, antigo hit do tonitruante Celestino.Estas breves considerações sobre fatos que marcaram significativamente a vida musical do país, foram apenas para chamar a atenção do leitor a respeito do livro Lá do Lado de Cá: O País da Tropicália, do acadêmico Marcelo Ribeiro, por se tratar de um trabalho sério, competente, didático e escrito numa linguagem ágil sobre o processo de evolução da moderna cultura brasileira. Não apenas o fenômeno tropicalista, mas outras expressivas manifestações que expandiram e enriqueceram o nosso universo artístico como a Bossa Nova, o Cinema Novo e a Jovem Guarda são igualmente enfatizadas como partes componentes de todo um processo resultante do desenvolvimento lato senso deste imenso país tropical.Outro aspecto originalíssimo do magistral trabalho de pesquisa de Marcelo Ribeiro se refere aos capítulos sergipanos que tratam das passagens de João Gilberto por Aracaju, inicialmente quando estudou no Colégio Jackson Figueiredo e posteriormente para apresentações. O aprendizado violonístico do futuro papa da bossa nova com o virtuose e magérrimo Carnera (Urcino Góes), que, numa inesquecível performance, já nos anos 40, incorporou o espírito tropicalista (muito antes de Caetano e Ney Matogrosso) e se travestiu em Dorothy Lamour, desembarcando” de um Catalina e chegando triunfal à Ponte do Imperador. A sincera admiração de João Gilberto pelos cantores João Mello, Bissextino Teles e Guaracy Leite França, que de algum modo influenciaram sua futura carreira artística. A importância de João (Ventura) Mello para a música popular brasileira como compositor e produtor. Tudo isto e muito mais está detalhadamente contido no excelente Lá do Lado de Cá: O País da Tropicália, livro que deve estar sempre ao alcance da mão para consulta ou para o simples prazer da leitura. E como se tudo isto não bastasse, o leitor ainda ganha de bônus a Carta de Caminha, sem dúvida a primeira manifestação tropicalista da Terra de Vera Cruz. O músico e escritor Marcos Melo é membro da Academia Sergipana de Letras

Categoria
Editora Sercore
ISBN-13 9788562576096
ISBN 8562576093
Edição 1 / 2010
Idioma Português
Páginas 440
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