Sinopse
Desde o início, o cinema tem sido frequentado por corpos mesmerizados, decapitados e desmembrados. Além de seus poderes de atração, eles refletem um lado sombrio do espectador: a vulnerabilidade de ser possuído, dissociado e governado por uma irresis tível força externa, carismática e espetacular. Neste livro instigante, Stefan Andriopoulos mostra como a literatura e o cinema da Alemanha do início do século XX exploraram os temas da hipnose e da ação ameaçadora das corporações emergentes que "po ssuíam" as identidades individuais. Ele se detém na angústia suscitada por essa possibilidade, uma preocupação difundida em filmes e textos jurídicos, médicos e literários da época. Diante desse cenário convulsivo, onde pairavam as sombras do expres sionismo, Andriopoulos dirige a atenção do leitor para os "crimes hipnóticos", ou seja, os homicídios cometidos contra a vontade de seu "autor". Assim, ele nos conduz a um período histórico em que as pesquisas médicas descreviam o sujeito hipnotizado como um veículo que podia ser conduzido a cometer atos violentos. Em análises luminosas de filmes como "O gabinete do dr. Caligari" (1919) e "Dr. Mabuse, o jogador" (1922) observa-se de que modo essas obras projetavam nas telas as possibilidades da "sugestão criminal". Além disso, Andrioupoulos analisa o uso de recursos especificamente fílmicos para manipular a atenção do espectador, como o primeiro plano ou close-up, tendo em vista deflagrar o suposto transe cinematográfico. Enquanto Caligari.