Sinopse
O livro Shanghai Lilly, a autobiografia autorizada (rsrs) de Vivian Salomon, com António Paixão antecipa, em seu título, os paradoxos de sua abordagem. A protagonista, Vivian Salomon, é praticamente antagonista de seu biógrafo, António Paixão. Ao dizer que é uma autobiografia, contudo, esse antagonismo é revelado antes como paródia de si mesmo do que como um relato cujo eixo central é articulado entre Salomon e Paixão.Tal articulação, entretanto, é fictícia e nos leva a duas narrativas distintas: uma da própria Salomon e outra, de Paixão. Isso fica claro quando aspectos históricos são abordados, em linguagem completamente distinta da personagem central. O recurso à linguagem utilizada na Internet em contraponto à seriedade do narrador marca essa quebra proposital de uma narrativa linear. Assim, o que temos é um livro no qual a superficialidade da protagonista constitui-se quiçá como uma distração para o que Paixão aborda de maneira mais subliminar, sem o alarde quase estridente de Salomon. CÁSSIA JANEIRO