TEOLOGIA MORAL PARA O TERCEIRO MILÊNIO

O impulso renovador do Concílio Vaticano II penetrou com força também nas estruturas da teologia moral católica, eliminando a postura rigidamente "casuística", com suas inadequações quanto ao respeito da consciência e ao desenvolvimento do ethos cristão na história. Bernhard Häring, que teve com seus numerosos escritos, uma parte relevante nessa renovação, reúne, neste volume, algumas das idéias principais que inspiraram seu empenho, e esclarece também suas linhas metodológicas.Na primeira parte, emerge a importância para o teólogo moralista, de não negligenciar a identidade do ouvinte com suas pré-compreensões; delineia-se arquitetura da síntese, que não se fundamenta no aspecto preceptivo-proibitivo, mas na aliança e no reino de Deus, em uma sequela de Cristo, que é exercício de caridade na liberdade e na fidelidade.A prioridade à pesquisa, exigida pelo momento cultural em que vivemos, é apresentada na segunda parte: a valorização - já tomista - da lei do Espírito como norma de vida, que se traduz em ennomía crística, o deixar-se guiar pelo Cristo como "lei" existencial, o que exclui dicotomia rigorosa entre sobrenaturalidade e naturalidade do agir; uma reinterpretação do decálogo nesta ótica decisivamente neo-testamentária; enfim, o problema sutil da contraposição entre ética deontológica e teleológica, que Häring vê possível resolver em uma unidade superior de complementariedade. A mensagem conclusiva se resume no mandato ao moralista de se fazer, sobretudo, evangelizador do shalom, da paz bíblica total.