Sinopse
O livro é um estudo detalhado e rigoroso que permite entender os múltiplos fatores que incidem sobre os processos de produção, reprodução e perpetuação da pobreza na América do Sul, vinculado a uma das formas mais importantes da expansão do capitalismo e destruição do meio ambiente: os "agronegócios" da soja transgênica. Processos que, como mostra a autora, afetam, sobretudo as mulheres. Este estudo é paradigmático para entender a expansão do capitalismo transnacionalizado apoiado, nesse caso, por um discurso ideológico que o naturaliza. A autora realiza uma minuciosa análise sobre a gênese dos agronegócios no mundo, e, particularmente, no Brasil e o seu vínculo com o discurso do "desenvolvimento", o que permite compreender o sistema de interesses em jogo e os dispositivos particulares que se desdobram para naturalizá-lo e legitimá-lo, inclusive dentro de um governo que se constituiu como defensor dos direitos dos pobres, como o do Partido dos Trabalhadores.O livro realiza importantes aportes para a compreensão da complexa trama dos processos de produção e reprodução da pobreza em geral, e, em particular, da feminina, sobretudo a partir da análise das condições de trabalho, do desemprego e do trabalho doméstico não remunerado em relação à conformação das unidades domésticas. Enfatiza temas pouco abordados nas Ciências Sociais para estudar a produção da pobreza feminina, indagando: a relação entre baixos ingressos e seu vínculo com a estrutura das unidades domésticas sobretudo monoparentais; a escassez do trabalho (medidos em horas trabalhadas, desocupação e intermitência) e a qualidade da ocupação.(Sonia Alvarez Leguizamón)