OS TERRORISTAS?

Não há realidade que não esteja contaminada pela fantasia chamada raciocínio”, diz à certa altura um terrorista. Seria então uma tarefa nossa de cada dia manejar com habilidade o real, a razão e a fantasia? Digamos que sim, e digamos mais: que para os três ingredientes vai bem a panela velha chamada literatura. Quando é literatura das boas então, sentimos algo como um cheirinho de comida feita no fogão à lenha, recordando o tempo em que a vida ainda não tinha se desencantado. Às vezes, entretanto, cabe à arte a própria tarefa de derrubar a ilusão perniciosa que nos dirige às rochas. Tal é o poder da arte: ser canto de sereia que arrebata aquele que se petrificou, ser antídoto ao canto de sereia que aflige aquele que se perdeu nas nuvens da ilusão. Os Terroristas?, como toda boa literatura, cumpre seu papel. Em qual dos dois sentidos? Depende o leitor.Se na Zona Leste, um cigarro oferecido estabelece relações de amizade tal como na área central de São Paulo ao se dividir a conta”, e se estamos a falar de relações de amizade intermediadas por objetos, então relações de camaradagem brotarão como chuchu na cerca entre Douglas e seus leitores, afinal a arte e sua catarse estética não são algo que se encontra em cada esquina. Bom, pelo menos ainda não… E mesmo assim, oh! humanos! Há de haver narizes torcidos à prova poética do autor. Me explico? Me explico. Moeda tem dois lados, né. Olha o lado negativo da bagaça: na zona leste o fumante egoísta é tão imã de inimizades quanto o espertinho que vai embora sem dividir a conta na Av.Paulista. E em sendo assim que as coisas funcionam, haverá gente que saberá reconhecer em Douglas, Ribamar, aquele que Falava no nosso idioma, sabe. Tinha um modo de dar no miolo”, assim como não faltará gente fazendo careta pro livro que você agora segura nas mãos, gente diferenciada: aqueles que dentre os múltiplos papeis do teatro da vida acabaram personificando não aqueles que dizem o tempo acaba nosso corpo, mas não o pensamento”, e sim aqueles que devorando o nosso tempo fazem fortuna, ou pior ainda, aqueles que defendem estes, se tornando, bem feito!, alvos da metralhadora literária de Douglas, o escritor.Pablo Polese