Sinopse
Espaço e política, este conjunto de textos reunidos por Henri Lefebvre em 1972, está situado, segundo o autor, entre escritos precedentes e seu trajeto futuro, especialmente o livro A produção do espaço (1974). Diria que ele é revelador do conhecimentocomo ato de conhecer, como processo que sintetiza as circunstâncias, mais ou menos efêmeras, vividas pelo pesquisador no decorrer de seu longo percurso, irrequieto, libertário, de re-produção do pensamento dialético, registrado por sua magníficaobra. Nos termos de Marx, Lefebvre se definiria como um continuador, não um vulgarizador, sequer um seguidor. Naspalavras do próprio Lefebvre, ir adiante a partir de. Nesse sentido, para além de novos conteúdos abordados pela ciênciado espaço e suas epistemologias particulares, enquanto produção do espaço, no nível da reprodução das relações sociais deprodução, o espaço, o urbano e o cotidiano fundam novas possibilidades da relação entre prática e teoria. É possível afirmarque, para o autor, eles sintetizam as contradições do espaço, que, dialeticamente, incluem as contradições no espaço, maisapropriadas ao capitalismo concorrencial. Os tradutores de Espaço e política são argutos conhecedores da obra lefebvriana.Vasculham-na com acuidade, atentos ao ato de conhecer. Assim, trazem ao leitor o anexo Henri Lefebvre e o Projeto Universitas,situando, além das preocupações do próprio autor, o capítulo As instituições da sociedade pós-tecnológica. Aqui, emdebate expresso, o possível-impossível de utopias concretas, tendências do real, buscando-se superar a instalação deste na dimensão da atualidade. Ir além de utopias abstratas torna imprescindível transcender as representações do espaço, através da crítica interna à economia política do espaço. Indico ainda ao leitor não descurar das preciosas notas desta edição, muitas delas parte dos estudos realizados pelostradutores.