Sinopse
O livro traz uma original interpretação, no sentido psicanalítico do termo, da obra do criador da psicanálise. Ao examinar as relações entre a psicanálise e o romantismo alemão, o autor opta por interrogar a influência da estética romântica na própria gênese do saber psicanalítico, evitando deliberadamente a discussão epistemológica que demarca um horizonte de ciência para a psicanálise desde Freud.Levando em consideração que o romantismo alemão perpassa todo o século XIX e a familiaridade que Freud manteve com os escritos de diversos autores românticos, Ricardo de Andrade tece considerações muito mais finas sobre essa influência.Ao discutir essa herança, nem sempre reconhecida por Freud, o autor discorre de forma erudita sobre a própria formação do romantismo alemão que está entrelaçado à mística de origem pietista, sustentando uma filosofia da natureza (Schelling), formando uma estética específica que se dissemina por vários setores da cultura: na literatura com Goethe, Schiller, Heine e Hoffmann; na música com Beethoven, Schubert, Schumann e Brahms; na pintura com Casper David Friedrich e C. G. Carus, além de passar pelo movimento do Sturm und Drang.Andrade caracteriza também o romantismo pelo movimento de retomada dos gregos e pela originalidade com que se fez uma identificação da mimesis à poiésis, de forma tão íntima que se considera que o artista produz a si mesmo numa autopoiésis. Como criador, o artista imita Deus. A essência do romance de formação implica, pois, o surgimento de um sujeito da poiésis e recobre uma fantasística que se aproxima muito de certos temas psicanalíticos.