Sinopse
Bulbul Sharma aborda o amor pela comida como um elemento de libertação e conexão entre mulheres de diferentes gerações. Baseada em suas memórias afetivas, olfativas e gustativas, a autora traça um rico e saboroso painel da sociedade indiana e transforma em literatura toda a fartura de temperos e paixões servidas à mesa em uma terra de contrastes. Nas doze histórias de Bulbul Sharma, a comida de jantares elaborados à mais simples compota é o principal elo entre os personagens e o insaciável mundo em que vivem. Logo no primeiro conto de A Ira das Berinjelas, Potes de ouro, a comida é apresentada como um bem precioso e digno de reverência. Mantinha-se a despensa trancada e os alimentos dentro dela podiam ser vistos apenas por dez minutos às seis da manhã, às onze e então às quatro da tarde, à maneira de algumas exposições raras e de preço incalculável num museu, escreve a autora. É dado o tom das narrativas que se seguem, nas quais, em idiossincráticos recortes cotidianos, Sharma destila sensibilidade e pitadas de ironia por meio de figuras humanas cativantes que vivenciam e reforçam o poder transformador das ações de cozinhar, comer e falar sobre comida. Em histórias como Banquetear com a vingança e Comer até morrer, a culinária se apresenta como um instrumento de poder. No conto homônimo ao livro, por sua vez, a refeição é o único ritual capaz de fazer com que um casamento siga tendo algum sentido. Colecionadora compulsiva de receitas, Bulbul Sharma complementa cada narrativa com detalhes sobre o preparo de pratos e sobremesas que, carregados da minuciosa simplicidade. Entre antigas preferências familiares, sugestões de amigos e refeições rápidas e preguiçosas estão iguarias como picles de manga, chutney de hortelã, pakora de espinafre, arroz de tomate e alho-poró, batatas com gergelim, peixe com iogurte, bolo de cenoura, khir de laranja e chá de mel com gengibre.