MODERNIZAR A ORDEM EM NOME DA SAÚDE A SÃO PAULO DE MILITARES POBRES E ESCRAVOS
Rafael Mantovani
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Sinopse
Apoiado em vasta bibliografia, bem como em atas e registros da câmara municipal e textos da imprensa, o autor estuda a chegada do higienismo a São Paulo, no início do século 19. Analisa como a mesma cidade poderia ser considerada extremamente limpa por um agrupamento social, enquanto eram mantidos locais imundos, destinados aos pobres e escravizados, cuja subnutrição e exposição a doenças contagiosas lhes encurtavam a vida, por mais irracional que fosse perder prematuramente uma "propriedade" (como eram os escravos) por descuido. Discute a influência do pensamento político que organizava a saúde da população em um momento em que a limpeza deixou de ser unicamente um elemento que denotava nobreza para assumir uma característica utilitária de preservação da saúde. Curar era (e é) intervenção social, política e econômica, relembra o autor. Mantovani expõe as ideias de autores ingleses, alemães, franceses e portugueses que influenciavam não apenas as concepções locais sobre saúde, mas também medidas político-administrativas adotadas pelos governos. Ele reflete sobre as relações entre autoridades públicas e os grupos populacionais miseráveis, prostitutas, escravos apontados como culpados pelo ambiente insalubre da cidade e pelas doenças que acometiam os demais paulistanos. Uma câmara municipal militarizada era responsável pela saúde pública, coagindo e castigando aqueles que ameaçavam o bem-estar da população representada pelo alto estamento.