CARL HOEPCKE: O ESTRUTURADOR DO DESENVOLVIMENTO CATARINENSE

Quando o Instituto Carl Hoepcke decidiu promover o 2º Simpósio sobre Imigração e Cultura Alemãs na Grande Florianópolis, o rico e variado temário despertou interesse em diferentes segmentos acadêmicos e profissionais. Era a primeira vez que se mesclavam historiadores com especialistas em música e gastronomia, biógrafos renomados e dignos descendentes germânicos. Todos eles com criativa e dedicada participação na formação deste extraordinário arquipélago étnico e cultural existente em Santa Catarina. Tive o privilégio de ouvir alguns expositores. Entre eles, dois amigos com os melhores serviços prestados à cultura do Estado: o maestro José Acácio Santana – um dos maiores incentivadores do canto-coral em incontáveis municípios, a partir da vitoriosa direção no Coral da Ufsc – que defendeu uma tese singular e absolutamente inovadora sobre a importância da música religiosa na integração dos alemães e seus descendentes com diferentes etnias; e o museólogo Max Müller, com um precioso resumo sobre as iniciativas pioneiras de Carl Hoepcke e sua extraordinária contribuição ao desenvolvimento de Santa Catarina. Obras já publicadas trazem dados preciosos sobre a genialidade de Carl Hoepcke, o visionário que colocou Santa Catarina na vanguarda de múltiplas iniciativas, como a produção industrial de rendas, a fábrica de pontas, a empresa de navegação, a construção de barcos e navios e, sobretudo, a criação de um conglomerado comercial que antecipava as lojas de departamentos, tudo concebido com padrão de qualidade e muito bom gosto. Ele foi o vanguardista da globalização, eis que todos estes empreendimentos dependiam da qualidade de equipamentos importados, bem como do comércio internacional implantado com países europeus, notadamente, com a Alemanha. Exercendo a Presidência da Associação Catarinense de Imprensa incentivei Max Müller a publicar o didático trabalho, nele incluindo gravuras e ilustrações sobre a grande obra do homenageado, com uma edição de fácil leitura que permitisse o acesso das novas gerações a fatos tão marcantes da história de Santa Catarina. Convencido estava, também, de que os jornais catarinenses tiveram um impulso significativo no período em que Carl Hoepcke modernizou a indústria e o comércio em vários municípios, seja pela dinamização da economia, seja pela necessidade mesmo de novos canais de comunicação com a população. Os veículos impressos já existentes passaram a contar com mais uma importante fonte de receita, através da divulgação da nova marca na propaganda catarinense. Os jornais emergentes, que passaram a circular no período, tiveram na expansão econômica a motivação maior de seus fundadores. Outra razão determinante, que me convenceu a insistir na edição, encontra fundamento no célebre pensamento do escritor e historiador escocês Thomas Carlyle, outro estudioso dos pensadores germânicos e um dos tradutores de Goethe. Ensina-nos que “nenhum grande homem vive em vão. A história do mundo não é senão a biografia dos grandes homens”. A acertada tese do reitor da Universidade de Edimburgo mantém-se viva um século depois e, atravessando o Atlântico, permite que hoje se proclame que a história de Santa Catarina é a síntese da biografia de seus construtores, muitos deles, nascidos em outros continentes. E entre estes, destacadamente, o alemão naturalizado brasileiro Carl Franz Albert Hoepcke. Moacir Pereira