Sinopse
Lembro-me com saudade das tardes em que eu ficava horas observando o vai-e-vem da Mulher de Roxo entre as ruas Chile e Ajuda. Queria saber mais sobre aquela misteriosa mulher. Queria saber seu nome, o porquê daquelas vestes, o que significava aquele imenso crucifixo, de onde ela era, enfim, saber qual a razão daquela estranha forma de vida.Atraído pelo magnetismo extraordinário que ela exercia sobre as pessoas e impulsionado por uma curiosidade que, eu tinha certeza, não era só minha, mas de todos que algum dia viram o ouviram falar dela, eu me aproximei. Ela estava descalça. O roxo intenso do seu vestido era hipnotizador. Por eternos minutos, meus olhos ficaram presos àquela imagem carregada de simbolismo. Súbito ela balbuciou algo e saiu andando. A partir de então, a Mulher de Roxo, essa criatura ímpar, enigmática e, sobretudo, fascinante, ganhou destaque em uma cabeça que já começava a utilizar critérios próprios para definir quem eram os verdadeiros vilões e heróis de uma sociedade rica em personagens. A Mulher de Roxo é um ícone desta época. (Augusto Serra)