O SACRAMENTO DO SANTO GRAAL
Marcus Baccega
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Sinopse
Mistérios há muito circundam o mito do Santo Graal, as aventuras dos bravos Cavaleiros da Távola Redonda e as vidas do Rei Arthur. Deste último, tanto a existência que viveu em Camelot, à espera do vaticínio de que Galaad retornaria com o Graal, como a futura, em que governará um reino de justiça, paz e prosperidade, retornando de sua condição encantada em Avalon. No entanto, os mistérios não são tão esotéricos quanto se poderia aventar à primeira vista. Por certo, há um fascínio em se aprofundar nas narrativas tão longevas da Matéria da Bretanha, a que um trovador célebre de Arras, Jean Bodel (1165-1210) refere-se, na Canção dos Saxões (c.1200): les contes de Bretagne sont si vains et si plaisants (“os contos da Bretanha são tão vãos e tão agradáveis). “Agradáveis”, sem sombra de dúvida, se estivermos atentos a uma escrita incipiente, ainda muito vinculada à oralidade, que dela voltará a se nutrir para outras tantas narrativas orais. “Vãos”, de forma alguma. São historiográficos, por excelência, os mistérios que rondam a Matéria da Bretanha, constituindo uma via privilegiada de acesso a mistérios maiores, quais sejam, os eixos estruturantes dos imaginários medievais na longa duração. Por trás de todos eles, o sacramento. Elemento analógico que singulariza e codifica os imaginários medievais enquanto sistemas semiológicos, responsável, assim pensamos, por seu verdadeiro transfundo de sentido. É nesta perspectiva que se estuda a gramática mitológica do Cristianismo medieval e se parte em demanda pela função social dos historiadores: produzir inteligibilidade sistêmica sobre a sociedade.