Sinopse
Uma pesquisa corajosa que chegou a um bom termo. No esforço de pensar a caracterização das personagens do filme Freaks (Tod Browning, 1932), um clássico do gêero Horror, Ivon Mendes enfrentou uma questão delicada: como foram caracterizados os atores e atrizes que, naquela época, eram considerados pessoas deformadas e tidas como monstruosas? Curiosamente, nesse filme aconteceu uma situação inversa daquela vivenciada cotidianamente nesse universo, que seria transformar o rosto e o corpo de um intérprete – como Lon Chaney fazia, por exemplo – para deixá-lo com uma aparêcia desfigurada e assustadora. Vale lembrar que outros aspectos, sobretudo éticos, estavam em jogo. Bastaria apresentar os intérpretes de Freaks como “monstros de um Circo de Horrores”;? Já não viviam essas pessoas imersas numa existêcia de marginalidade e degradação social? Elas seriam ainda mais expostas ao público como aberrações espetaculares? Ivon Mendes, ao tratar dessas questões, com acuidade e delicadeza, faz brotar uma reflexão profunda sobre o horror que nos habita. à maneira da obra Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, o Monstro é o Outro até que nos encontremos com a nossa própria imagem.