AS CASADAS DE PROSPECT PARK WEST

Saem as bem-sucedidas mulheres solteiras de trinta e poucos anos, sempre às voltas com seus potenciais príncipes encantados, e entram as casadas, em crise com a maternidade e com o relacionamento. Este é o mote de As casadas de Prospect Park West, da jornalista norte-americana Amy Sohn. Ambientado em um dos pontos mais valorizados do Brooklyn, o romance foi apontado pela prestigiada revista Publisher’s Weekly como uma nova tendência dentro da literatura de mulherzinha, que desce do salto e volta-se agora para as agruras do ambiente familiar. Não à toa, a produtora de Sarah Jessica Parker, a Carrie do seriado The sex and the city, garantiu os direitos de adaptação da história para a rede HBO. Em As casadas de Prospect Park West, Amy Sohn oferece aos leitores a chance de entrar na intimidade da elegante vizinhança de Park Slope, no Brooklyn, em Nova York, sob a perspectiva de quatro mulheres: Melora Leigh, uma famosa atriz frustrada com o rumo tomado por sua carreira; Rebecca Rose, que sente falta da vida sexual ativa que levava antes do nascimento da filha; Lizzie O´Donnell, que trocou uma relação homossexual por um marido e um filho, mas ainda sente atração por mulheres; e Karen Bryan Shapiro, obcecada pelo bem-estar de seu filho e pela compra de um apartamento maior. Para quem vê de fora, Park Slope é um paraíso urbano: considerada uma das áreas mais desejadas de Nova York, a região possui excelentes escolas públicas, moradores com valores progressistas e ainda abriga o majestoso Prospect Park, área verde instalada entre prédios históricos, de arquitetura sofisticada. Ao chegar mais perto, entretanto, encontramos casais problemáticos, mulheres que vivem em função da vida doméstica e mães estressadas, que circulam em um ambiente onde manter as aparências é fundamental. Quando Melora Leigh, estrela de Hollywood vencedora de dois Oscars, se muda com o marido e o filho adotivo para uma mansão de seis quartos em Prospect Park West, a vida de Karen Bryan Shapiro ganha um novo objetivo. Além de cuidar de Darby, seu filho de 4 anos, a dona de casa passa a observar a residência da atriz e vibra nas poucas vezes em que vislumbra uma silhueta atrás das janelas ou esbarra com a moradora famosa pelas ruas do bairro. O que ela não sabe é que Melora trava uma luta para reerguer a própria carreira, enquanto se sente infeliz no casamento e não tem paciência com o filho adotivo, que passa a maior parte do tempo na companhia da babá. Um misto de carência e frustração é o que aproxima Rebecca Rose e Lizzie O´Donnell. Depois do nascimento de Abby, Rebecca vê Theo perder o desejo sexual por ela – a única preocupação dele é exercer o papel de pai. Na casa de Lizzie, o problema é a ausência de Jay. Enquanto o marido, que é músico, passa a maior parte do tempo viajando com a banda, ela fica sozinha com Mance, filho do casal, e se pergunta se valeu a pena abandonar a namorada por um homem. À medida que as duas se tornam amigas, Lizzie fica cada vez mais apaixonada por Rebecca, que parece gostar de provocá-la sem querer levar o romance adiante. Conforme as histórias das quatro personagens se cruzam, os leitores percebem que todas elas deverão lutar para manter seus casamentos e sua sanidade mental, enquanto cuidam dos filhos e levam a rotina adiante. Segredos, traições, atitudes impulsivas, agressividade e até racismo permeiam o universo dessas mulheres, mostrando que não basta garantir um lugar ao sol em Park Slope, é preciso batalhar muito para conservá-lo.