RIO COXIN - FRAÇÕES DA VIDA

- Papai, o senhor acredita em Deus? - Parece que estou no tempo da Inquisição. Só espero que quando for você o inquirido, me responda francamente, como estou fazendo agora. - Acredita? - Deus estáa qui, filho, nesta nossa gostosa conversa. Embora hoje não tenhamos lua, vejo-a nas estrelas. Quando o dia amanhecer, o enxergarei o sol, nas águas do rio Coxim, no ar que respiramos, no fogo do café da manhá preparado por dona Frida, nos nossos amigos, em voces... Ficamos por um bom tempo sem conversar. Papai me parecera um poeta, tal fora a delicadeza de sua definição de Deus. Escutamops o barulho do motor da Veraneio. - E, se chover amanhã, papai? - pergunto-lhe. - Eu o verei no jorrar dos pingos que encharcarão a terra, filho. Boa noite! Amanda, sem enteder o que estava acontecendo, olhou-nos curiosamente. Mas o sono era grande e acabou indo dormir. Senti, nestes pequenos diálogos com papai, que conseguia ficar um pouco mais próximo dele. ....................................... - Doutor Frederico, posso fazer uma surpresa para Amanda? - E, o que tenho com isto? Faça... - Promete não se chatear comigo? - Depois destes anos todos?! Ah, dona Frida... A alemã levantou-se e momentos após, retornou com uma pequena caixinha. - ona Frida... - Não, senhor! - todos, em coro respondemos. Colocou a caixa na mãos de Amanda. - Abra, por favor! - disse a alemã. De imediato os olhos de Amanda encheram-se de lágrima. Logo, escorreram face abaixo. Levantou-se e abraçou papai. Ele, tão emocionado quanto ela e nós, também não poderia ser diferente. Dentro da pequena caixa, estavam partes de seus longos cabelos loiros, cortados por rebeldia, quando papai descobriu o namoro com Pedro e mandou-nos para Curitiba. O velho recolhera e os guardara duranbte estes anos todos.