CONDOMÍNIO FECHADO

Um homem se martiriza com os ruídos de um casal vizinho. Um ascensorista se revolta com a troca do elevador, com que trabalhava há décadas. Um menino se refugia em uma caixa e acaba esquecido ali, pelos pais. Um esqueleto veste uma capa humana para se relacionar com as pessoas. Estes são alguns personagens intrigantes deste ótimo livro de estreia de Weslei Candido, que devaneiam pelos apartamentos de um condomínio fechado. [...] A vida nestes contos, nestas pequenas bolhas intimamente protegidas a preços exorbitantes, é sempre menor do que parece, sempre mais solitária do que aparenta. Nestes pequenos universos, o outro é proibido, é evitado. [...] Um espaço coletivo acalenta desesperadamente individualidades. Há uma busca tão imperiosa por carinho, desprezo, por algo humano, que talvez nem esses personagens possuam. [...] Nunca haverá saída, principalmente em um condomínio que parece, por sua vez, também ter vida, também se meter no cotidiano de seus moradores, também decidir o destino deles. [Por Whisner Fraga]