Sinopse
Na obra o leitor encontrará uma análise que procura dar conta do discurso dos jornais catarinenses República, O Dia e Gazeta de Joinville, e dos paranaenses A República, A Notícia e Diário da Tarde, referente a casos de violência, ocorridos nos vales dos rios Timbó e Paciência, entre os anos 1900 e 1908. Estes casos, ligados à Questão de Limites e corriqueiramente noticiados pela imprensa como A questão do Timbó e/ou A questão de Canoinhas, foram objeto de acalorado debate político, produzindo uma série de representações que remetem a um imaginário de violência, tendo influenciado ações governamentais e militares no planalto do Contestado.Durante a leitura o leitor entenderá que a historiografia do movimento sertanejo ainda não abordou suficientemente o assunto; quando o fez destacou a intensificação das tensões na região entre os anos de 1905 e 1906, especificamente as ações do coronel Demétrio Ramos e a consequente mobilização de forças policiais naquele território, resultando em intervenção militar federal nos povoados de Vila Nova do Timbó e Canoinhas, epicentro dos eventos. A maioria das obras historiográficas reproduziram os relatos dos oficiais militares que participaram na campanha do Exército durante a Guerra do Contesta-do, os quais tenderam a dar maior respaldo às alegações dos periódicos paranaenses.Conforme pôde-se constatar, a imprensa destacou intensamente esses conflitos, produzindo fontes importantes para a pesquisa em História. Portanto, com o uso metodológico da Análise de Discurso, explorou-se o rol desses documentos jornalísticos, problematizando a categoria discursiva da região,em um período temporal em que a própria construção dessa noção, enquanto delimitação político-administrativa, não estava definida. Enunciados sobre casos de agressões, prisões e assassinatos, envoltos em intensas relações de poder político e jornalístico, impingiram um rótulo discursivamente violento aos vales do Timbó e Paciência, perpetuado na historiografia.