TUNGA

TUNGA, de Catherine Lampert [curadora independente e historiadora, norte americana baseada em Londres, foi diretora da Whitechapel Gallery e acompanha o percurso de Tunga desde 1988], foi iniciado com Tunga ainda vivo, no ano de 2003 quando o artista e a autora, começaram se reunir pensando em produzir uma monografia acessível que celebrasse e documentasse as realizações do artista. Amplamente ilustrado o livro abrange aproximadamente 40 anos da produção intensa de Tunga. Originalmente pensado para ser impresso na Europa, a partir de 2008, o livro vem para as mãos de Charles Cosac, que acompanha o longo processo de maturação e alterações no texto diretor, durante o qual a autora propõe um texto paralelo, que atuaria como uma sorte de glossário para a obra do artista.A relação entre a Cosac Naify e o artista Tunga marca a história da editora, aberta com o lançamento do livro Barroco de Lírios (1997), e com seus primeiros 10 anos de existência, celebrados com a Caixa de livros TUNGA (2007). Diferente dos livros de artista editados anteriormente pela Cosac Naify, mas igualmente apurado e elegante, é um livro de bolsa, com 372p., no formato 17 x 24 cm. A capa trás uma foto do artista carregando uma mala que se abre deixando escapar um duplo seu desmembrado, vemos nas guardas um conjunto de malas abertas com múltiplos duplos. O livro abre com um portrait do artista nos anos 80. O ensaio de Catherine, TUNGA, ‘As cavernas mais profundas da mente brilham com esplendor’”, é entremeado por referências visuais – postais, fotografias, ilustrações de livros, tem aproximadamente 20000 palavras, e percorre o pensamento e a biografia do artista, contextualizando sua obra em relação à história da arte e diversas áreas do conhecimento que o interessavam. O ensaio da autora é seguido pelo conhecido texto de Guy Brett [crítico britânico que apresentou Tunga à Catherine], ‘Tudo simultaneamente presente’[de 1989, revisto em 1997 para o catálogo do Bard College]; e pela tradução recente da transcrição de um depoimento de Tunga [publicado em 2012 na revista Art Forum]; além de um caderno de desenhos esquemáticos das obras feitos durante conversas com a autora. A segunda parte do livro, tem uma introdução e seis capítulos com 71 entradas sobre obras específicas, podendo incluir outras relacionadas. É muito ampla mas não se pretende como um catalogue raisonné, nem como um inventário definitivo de Tunga – ele não acreditava nisso, e como disse à autora, ‘toda história que contei é improvável, involuntária e inconsciente’. Cada entrada tem imagens, e algumas incluem textos que fazem parte das obras; ficha técnica e um histórico da obra; além de um breve texto, sendo alguns mitos – originalmente narrados pelo artista para seu assistente, Fernando Sant’Anna, que transcreve a sua fala, e mais tarde, sem a presença de Tunga, escreve sobre as últimas obras apoiado na memória recente e em manuscritos do artista. Podemos dizer que as entradas foram então feitas à 10 mãos, de Tunga, Fernando, Catherine, e também contaram com a colaboração de Juliet Attwater e Tatiana Grinberg. O projeto tem quase treze anos, e envolveu tantos colaboradores, contanto histórias, revisores, tradutores, designers, que não conseguimos nomear todos. Mas foi fundamental a participação de Cordelia Fourneau de Mello Mourão narrando histórias, Lilian Zaremba revisando-as, além do incentivo de Antônio Mourão e da equipe do Instituto Tunga. Todas as imagens que compõem este livro provêm do ateliê do artista. Tatiana Grinberg fez a organização, pesquisa suplementar, seleção final de imagens e conceito de projeto gráfico; o design final foi de Sônia Barreto.