Sinopse
Eis aqui uma amostra primorosa do talento de Carlos Ribeiro, o baiano que, já na sua estreia, em 1981, foi saudado pelo premiado poeta e ficcionista Ruy Espinheira Filho como uma forte e apaixonada vocação de escritor. De lá para cá ele já imprimiu a sua marca no conto, na crônica, novela, romance, reportagem e no ensaio, sempre se desempenhando em todos esses gêneros à altura da dignidade da arte de escrever. Os nove contos reunidos em Aventureiros do Apocalipse confirmam as suas qualidades de contista que alguns críticos argutos, e bem atentos, têm destacado ao longo de sua carreira. Como a individualidade/ personalidade com que ele cria o clima das histórias, e o seu invejável e raro controle da escrita, para recorrer à abalizada avaliação de um Affonso Romano de Sant Anna. O autor destas linhas assina embaixo de todas as apreciações já feitas sobre a arte do conto tão bem praticada por Carlos Ribeiro: linguagem ágil, inventiva, que se constitui na força da oralidade; domínio na criação e estruturação de personagens e dos diálogos; inserção no transe urbano, ao mesmo tempo com um olhar lírico e perverso, de que o conto Imagens urbanas é um caso exemplar - ora a captar uma realidade de violência ( Venham se meter comigo, filhos de uma cachorra pra ver se não lhes meto uma bala nas fuças), ora em tons mais amenos: O homem anda pelas ruas desertas do seu apartamento (...) e ele sente uma saudade indefinida de um tempo em que podia andar pelas ruas desertas sem medo de morrer. Sim, a cidade (no caso, uma Salvador da Bahia sem farofa nem dendê) povoa a maioria dos relatos deste livro, sempre envolventes, por vezes nos deixando reféns de suas tramas. E estas, diga-se, não são apenas centradas na vida, destino e desatinos da urbe contemporânea: a ambiência aqui é bem variada, desde incursões pela órbita do supra-real (O fugitivo dos sonhos, por exemplo), aos diálogos com Guimarães Rosa (Traços biográficos de Salino Lalãtiel), e Machado de Assis (Minha boa senhora, um exercício criativo crudelíssimo, por sinal). E mais e mais, para o prazer da sua leitura.