Sinopse
Ninguém que habitasse na mansão da família Penaguião, ali para os lados de Campolide, poderia imaginar que, nessa noite, o fausto banquete, organizado por D. Berta, iria terminar numa terrível tragédia. Nem o chefe de família, seu marido, o engenheiro Álvaro, que naquele momento ajustava o smoking, sonhava que se vestia solenemente para uma festa que terminaria em pranto.A morte nunca se anuncia. Surge silenciosamente, inesperada, e impõe-se com omnipotência, destruindo qualquer pedacinho de esperança. A vida constrói-se em minutos, horas e dias. Porém, quando ela chega, vem sem dia nem hora marcada.Corria em paz o ano de 1937. O tumulto republicano estava definitivamente vencido, domesticado pela força orgânica do Estado Novo. Apenas um rugido aqui, um estrebucho acolá, eram débeis sinais de vida do velho Regime a que a Revolução Nacional pusera termo. Apenas restavam estertores de agonia.Há muito que os marinheiros insurrectos haviam regressado ao convés dos navios, os operários, com greves desfeitas, submetidos à forja e os políticos conspiradores acantonados em prisões. A censura serenava o País, preocupando-se os jornais que restavam com os grandes feitos da Pátria e do seu timoneiro, doutor Oliveira Salazar, e os Penaguião prosperavam.