Sinopse
A correspondência entre amor e estrela, vida e natureza, é o caminho trilhado por Alice Monteiro em Estelar. Pela via da metáfora, a autora não teme em destecer, numa época já anunciada por Octavio Paz, como de predomínio do pornográfico sobre o erótico, o caráter da dupla chama. Seguindo os passos do poeta mexicano, Alice acredita que é o corpo o filtro que encaminha ao amor: "E na boca da noite/ o grito do gozo/ ecoa sem pejo e desaba paredes./ Acorda o mundo,/ desperta o pássaro/ que canta na janela fechada./ Anjos e demônios/ se abraçam em êxtase total." O caminho do eu lírico, entrecortado por paisagens de êxtase e de abandono, plenitude e falta, todos, portos do amor, se reconhece como trilha impossível para a perenidade: "Sou também fingidora/ como os menestréis e poetas/ que cantam o amor eterno". Perfazendo o circuito de uma constelação de vozes poéticas que permeiam este livro de estreia, pode-se dizer que o Cisne de Avon, mensageiro do "eterno enigma", mais uma vez se afina com a terra exilada das máscaras, Eros. Alice Monteiro, como o trovador de "I defy you stars", sabe que não se pode viver o Amor eterno, mas que há eternas palavras para cantá-lo. (Leonardo Vieira de Almeida, do prefácio "As constelações de Eros em Estelar")