Sinopse
Pensar em Pontilhismo de Solidão é entender a importância do outro. A poesia de Luiz faz-se conduzida pelo sentimento de saudade frente os rastros e reminiscências deste distinto amado. Já na abertura da obra, em Variações do vermelho a figura do outro é remorada pelas marcas na taça de vinho; o sentimento de solidão marca-se mais profundamente frente os indícios físicos que ficaram das figuras que se foram, e como resultado, cada marca, cada objeto, juntam-se formando um pontilhismo, que torna ainda mais nítido a solidão do Eu Lírico. Nem sempre este Outro é a figura do amante, mas também tudo que é externo e que existi enquanto ente físico que parte, em o O rastro da serpente o autor descreve a passagem do animal serpente com cânticos ritmos que imitam os embalos da movimentação do animal, rastejou entre fissuras, / urdidas, / vísceras flamejantes da terra arada / enrolou em si mesma, ocultou o próprio rabo / e o devorou, no entanto, a serpente, que pode até mesmo ser interpretada metaforicamente como o passado, como o Outro que se vai, segue também para a partida, deixando o seu rastro profundo em curvas sinuosas. Os conjuntos de versos formam uma coleção de letras, semântica, metáforas, que constroem pela transmutação da palavra, o corpo do Eu. Poemas como Desmanche, ou (Des)compasso, seguem as tendências deste Pontilhismo de Solidão de modo que cada poema, amarra-se junto ao outro terminando por formular algo de definível. Como resultado dos vários sentimentos, rimas, memórias e poesias o escritor tece com as palavras aquilo que não poderia expressar de forma abrupta, mas apenas, consegue exteriorizar, formando um pontilhismo: este algo é a solidão, que embora não pudesse ser encarada e assumida de imediato, levemente se desprende no descarrego das memórias