SAL A GOSTO (COLE-SÃ ESCREVIVÊNCIAS #2)

seu privilégio é ser o caçador: te convido a viver um dia como caça,mas dessa mesma minha raça que você nem come, só mata.”no final de sal a gosto”, esteban assina com dois versos soltos: de dor e de amor também – sua síntese é adequada, mas para fazer justiça à multiplicidade de temas que navegam a obra, cabe ressaltar que, nos bonitos poemas em prosa, o que o autor conversa, chora, sussurra, discute, briga, argumenta sobre transmasculinidade, dissidências sociais, astronomia, paixão, corpo, cidade, dentros, fora, cartas não enviadas, diálogos imaginados – tudo lindo, rítmico, lírico, em poemas que convidam a juntar muito fôlego antes de cada mergulho. no meio da profusão de poesia-discurso marcada pela cadência dos slams (as rinhas de poesia falada que, na salvador de esteban, reúnem um grupo expressivo de poetas jovens, também negrxs/sexual-dissidentes), a poesia de esteban é um respiro macio, mesmo que traga as arestas da denúncia da transfobia. sal a gosto é um livro simultaneamente introspectivo e sideral. boa leitura!os livros da cole-sã escrevivência têm capa de papelão reutilizado, tiragem especial, e são feitos sob encomenda (depois que você comprar, vamos montar um especialmente pra atender seu pedido).