Sinopse
Esta coletânea trata sobre arquivos da repressão e da resistência, e busca promover reflexões sobre o papel desempenhado pelos arquivos nas sociedades que sofreram experiências repressivas. No que se refere ao Brasil, foi abordado, especialmente, o período da ditadura militar (1964-1985), quando ocorreram graves e sistemáticas violações de direitos humanos por motivos políticos. Nos últimos anos, o direito de acesso a informações sobre o período de 1964-1985 e, consequentemente, acerca da reconstrução desse passado recente, tornaram-se parte do debate público brasileiro, culminando com a aprovação, em 2011, da Lei de Acesso a Informações e com a criação da Comissão Nacional da Verdade, ambas iniciativas que passaram a vigorar efetivamente em 2012. Lugar de memória por excelência, os arquivos podem ser, também, o próprio objeto da história. Perceber o arquivo enquanto campo a ser investigado é, portanto, um ponto de inflexão conjunta entre arquivistas, juristas, cientistas sociais, assistentes sociais e historiadores que elaboram os artigos que compõem esta obra, que busca enriquecer a reflexão a respeito dos documentos concernentes ao período da ditadura militar, no Brasil e na América Latina, suas instituições e as formas de resistências da sociedade. O ponto de convergência das comunicações apresentadas é demarco pelo debate em torno dos atos de documentar o regime; sobre os documentos e arquivos criados pelas instituições militares e civis que serviam ao regime e pelos movimentos sociais, grupos e indivíduos que resistiram naquele mesmo período. Conhecer e refletir sobre as formas como a informação e os documentos foram produzidos nesse contexto repressivo, bem como a natureza e a práxis dos órgãos que produziram essas informações, contribui, certamente, para revelar um passado ainda desconhecido, permitindo um reencontro do Brasil com sua história recente, "para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça".