Sinopse
No dia 17 de novembro, o imperador Dom Pedro II fugia com a família real para a Europa. Antes de partir para o exílio, Dom Pedro II, escreveu um bilhete, que pedia que trouxessem um exemplar raro de "Os Lusíadas", que ganhara do senador catarinense José da Silva Mafra.O livro, que pertenceu ao próprio Luís de Camões, deu início à amizade entre Dom Pedro II e o senador catarinense. José da Silva Mafra foi escolhido para a vaga no Senado depois da morte do padre Lourenço Rodrigues de Andrade em 1845, em uma lista tríplice pelo imperador. Silva Mafra era assíduo frequentador do Palácio de São Cristóvão e chegou a ser condecorado veador (camareiro oficial do imperador).O mesmo "Os Lusíadas", que abriu as portas do Palácio de São Cristóvão ao senador José da Silva Mafra é alvo de uma grande polêmica. Outra versão da história mostra que o verdadeiro dono do livro foi o frei José de São Boaventura Cardoso, que defendeu o irmão de Dom Pedro I, Dom Miguel, na Guerra Civil Portuguesa (1832/1834).Com a suspensão das ordens religiosas em Portugal e também por defender o lado perdedor, Cardoso se mudou para Desterro (Florianópolis) e levou consigo a obra rara. Toda essa intrigante história está no livro "1818 -- A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX".PesquisaPara produzir o livro-reportagem foram analisados mais de 10 mil documentos, entre registros paroquiais, periódicos, artigos e livros. Em Portugal, foram realizadas pesquisas in loco no Arquivo da Torre do Tombo em Lisboa, no Arquivo Público Dom Pedro V em Mafra e da Santa Casa de Misericórdia da Ericeira. No Brasil, as pesquisas foram centradas nos arquivos públicos do Estado de Santa Catarina, Municipal de Florianópolis e Municipal de Itajaí, além do acervo digital da Biblioteca Nacional e da Hemeroteca Catarinense.