O MONÓLOGO CARAMUJO

Poemas são como moluscos: vivem enconchados, só esperando um momento em que a calma os abrirá de dentro para fora. Mas às vezes é necessário forçá-lo de fora para dentro. Como um caramujo musical que encerra em si mesmo o viajante e a casa onde repousar, esta obra foi composta como uma sinfonia de quatro movimentos. Como quatro estações ou quatro naipes, o livro inteiro espirala textos. Os significados encaracolizam-se sem pudor em parlendas que escondem poesias, travas que se quebram nas línguas. Não trovas pelas trovas, mas odes às várias naturezas: física, espiritual, humana, artística. A natureza humana retorna, sem as lingeries, para, num alegro presto prestíssimo, nossa natureza vir com total luz e trevas, perfume e podridão. Tudo dentro de um gastrópode.