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ESSES DIAS QUE ESTAMOS VIVENDO HÁ ANOS

Maira Ferreira
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Sinopse
Esses dias que estamos vivendo há anos: o terror não cessa de se tornar real. E é no real que nos deparamos com buracos e faltas que nos paralisam, porém, não conseguimos evitar. Como se mover diante da imobilidade que se impõe, diante dos dias que distendem séculos de dor, quando não existe palavra/ que os impeça de acontecer”? Talvez seja preciso encarar a falta de movimento como um passo inelutável para que se consiga riscar fósforos, acender fogueiras, devolver granadas e depois, dançar a um só tempo, como quem se lembra que nasceu pronta para todos/ os incêndios”. Há três momentos que precisamos encarar n’Esses dias que estamos vivendo há anos. Três movimentos de um passo a passo constitutivo de quem não sai dessa história senão como sobrevivente. O primeiro é quarentena”. Em seguida, começa uma fogueira agora”. Por fim, estou exausta de esperar o fim do mundo”. Um corpo em transformação está em jogo nesses três movimentos. De início, parece que há uma suposta imobilidade, mas só como quem não revela de bandeja tudo o que um imenso pensamento não cansa de conspirar: eu gosto de acreditar que não existe nada mais imenso/ que um pensamento”. O que há nesse ponto zero nada mais é que um grande movimento que vai se ensaiando, ganhando corpo, mas só na medida em que constata os limites de um corpo que está prestes a chegar ao grau máximo da ausência de movimento, só na medida em que expõe a falta, em que não esconde que se está vasculhando cada cômodo vazio que o constitui, cada incômodo que lhe habita irremediavelmente: na fome inclusive o corpo é alertado para guardar/ energias estocar nutrientes o corpo se reconfigura”. Para que possamos incendiar, precisamos receber e acolher a falta.Maíra Ferreira, desde A primeira morte (Oficina Raquel, 2014), não se desvia dos buracos, não hesita em continuar encarando, abraçando e amando-os como quem diz, também são meus os buracos mais profundos dos dias, dos anos, do mundo: tenho lentamente morrido/ a cada mulher morta no jornal”. Muitas mortes não cessam de atravessar um corpo que ressurge, reconfigurado: costuro partes que não se pertencem/ estou límpida e aniquilada/ mas parece que vim/ para ficar”. Ir ao que queima é queimar junto também. Lá onde se começa a dizer, onde se devolve uma granada, onde se joga, onde se deseja, é todo o agora em que se começa uma fogueira. O corpo que arde de amor e de terror, que já dança ao redor do fogo, esquentando a batalha dos dias, é esse que não precisa mais esperar pelo fim, porque já se move por sobre ele, nele, com ele.(por Danielle Magalhães)

Categoria
Editora Urutau
ISBN-13 9788571051096
ISBN 8571051097
Edição 1 / 2019
Idioma Português
Páginas 72
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