VEREDAS DE BRASÍLIA

Mudar a capital fora idéia antiga. Antes mesmo da Independência, já se a defendia. Vários o fizeram, entre outros, Hipolito José da Costa, no seu Correio Braziliense, e José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, em orientações aos deputados às Cortes de Lisboa, ainda ao tempo do Reino Unido, e, depois, como membro do governo imperial. A idéia esteve presente na primeira constituinte, mas não ficou no texto da Constituição Imperial de 1824. Entre vários nomes, arautos do assunto, Francisco Adolfo de Varnhagen, o Visconde de Porto Seguro, pugnou pela mudança, inclusive viajando ao interior e expondo seus argumentos no opúsculo A questão da capital: marítima ou no interior?, de 1877. Depois do Império, a idéia tornou-se preceito constitucional, consagrado já na primeira Constituição republicana, em 1891, e mantido nas Constituições de 1934 e de 1946. Ao longo da Primeira República, importantes intelectuais empolgaram os debates, com realce à figura de Mário Augusto Teixeira de Freitas, que ideou o IBGE e foi sua alma por muito tempo, tendo, é claro, o apoio de outros ilustres ibgeanos. Afora os muitos debates, em vários lugares e momentos, atitudes foram tomadas, criando-se comissões e promovendo-se expedições geográficas. Entre várias, afora as primeiras, logo no início da República, as demais, ou foram realizadas no âmbito do IBGE, ou tiveram sua destacada participação. Este é o alvo maior deste livro: relevar a história das comissões e, nelas, a importância dessas expedições, que, pouco a pouco, estabeleceram a localização da capital. Mas não só. Quer-se mostrar, também, outras ações do IBGE, ajudando a desvelar a capital: primeiro, ao elaborar o mapa oficial da capital, em 1958, e, em 1959, ao fazer o censo da população e habitação, hoje documentos históricos valiosos. Em sua atuação, até hoje, o IBGE seguiu tendo Brasília sempre presente em suas pesquisas estatísticas e geocientíficas - com realce aos estudos do Cerrado - e mais agora, neste livro, em que renova sua presença, ao revelar sua história como parte da história da Capital Federal e, mais ainda, da história do próprio Brasil.