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OS GATOS

Fialho De Almeida
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Sinopse
TEXTO CRÍTICO DO FRAGMENTO OS GATOSO texto de Fialho (Os Gatos), segundo Massaud (1978, p. 381), fala por si, e demonstra, com todas as letras, os propósitos que animavam o autor. A escolha do gato para simbolizar a tríplice tendência traz a grande metáfora no folhetim realista. Fialho trabalha com a metamorfose, vai, pouco a pouco, transformando pessoas em felinos de garras afiadas, inclusive a si mesmo. A tríplice tendência representa:1) A tendência do autor;2) A da estética literária;3) A literatura portuguesa.O tom polêmico e azedo corria por conta da irritação do autor folhetinista, porventura despeitado por Ramalho e Eça terem mais prestígio ou pelo problema inglês, este último, pertencente a todo luso que se preze. Seus textos traduzem um pendor hipercrítico arraigado na Literatura Portuguesa desde os começos, com a cantiga de escárnio e de maldizer. O autor, em sua obra Os Gatos e, com seu gênero satírico e sua crítica desaforada subjetiva e inconseqüente, nutria, sem dúvida, um sonho verdadeiro de reforma sócio-cultural em seu país.Não é o homem comum que Fialho ataca no texto, mas sim o crítico, este sim é como um gato: cheio de graça ondulosa, cheio de movimentos ligeiros, afagos e mimos, com sussurros e garras afiadas, língua cheia de espinhos e indolências. O crítico é nervoso, ágil, preguiçoso e refletido, é um artista de requinte e um animal sarcástico. O autor não escolheu este bicho à-toa; o felino é misterioso e fascinante ao mesmo tempo, uma mistura de coisa sensual e algo maldito. Tem sete vidas, o que leva a crer que críticos animalescos nunca morrem, têm uma língua eterna.A metáfora trazida à baila por Fialho vestiu como uma luva todo crítico que fala muito, mas nada modifica. É ágil para sair e escapar de qualquer problema que surja de repente. Guloso, o crítico é um indivíduo que não guarda segredos, muito pelo contrário, ardiloso, utiliza-os ao seu bel prazer. É um quase nada cético, não se tortura diante de paradigmas, em seu mundo não há isto ou aquilo (sagrado), mesmo porque descrente (duvida de tudo), vive sem culpas ou pecados, tanto que define os deuses como pés de barro, simples estátuas, sem poderes; homens como ventre de jibóia e, tribunais como portas que brincam e fazem travessuras.Todo crítico, segundo Fialho é sádico: goza com sua presa, e não a mata a um só golpe, delicia-se com a tortura lenta. Os homens (seres brutos) porque bichos dividem-se em três:1) Animal de trabalho (homem);2) Animal de ataque (cão);3) Animal de humor e fantasia (gato)Dada a divisão, é óbvio que o homem desejaria ser sempre um felino em lugar de um burro de carga; aos gatos ficam a tranqüilidade, a sensualidade e a beleza encantatória. O gato é um animal cheio de simbologias, está sempre metido em feitiçarias e catimbós, por seu mistério é ligado às bruxas e aos encantamentos.O historiador francês Robert Darnton, em O Grande Massacre de Gatos evidencia o felino como representante número um do burguês, da fartura, do excesso de trato e de afagos. Este simbolizava a diferença gritante entre o modo de vida do operário e o do padrão. O gato, por exemplo, comia carne de primeira, enquanto que o empregado, a ração. Há uma ilustração dessa diferença na obra de Ariano Suassuna O auto da Compadecida, os empregados (personagens) trocavam suas comidas pela do bichinho da madame.O gato, no decorrer da história das civilizações, simbolizou muita coisa: a extrema bondade, a ingenuidade, a extrema maldade, este bichinho, muitas vezes, representou o lado ruim tão somente, foi até associado ao demônio e à luxúria, durante o final da Idade Média e o início do Renascimento.Quando Fialho escreve o País das Uvas faz alusão ao seu local de nascimento (1857-1911), pois o autor é natural de Vila de Frades (o país das uvas), encravado no Baixo Alentejo, viveu até o seu casamento rico em 1893- as agruras da vida pelintra, sustentada por uma mesada familiar, o que a uma amarga experiência de colégio interno e de balcão de uma baiúca de drogas, deve ter contribuído para o azedume de seu temperamento e para a sua confessa obsessão para a riqueza.O amigo Sousa Martins reforça nele as convicções do determinismo da hereditariedade, do meio natural e social de vida, suas convicções já tinham sido divulgadas por Taine, pelo naturalismo, por Lombroso e por Max Nordau. Esta ideologia ligada aos recalques de plebeu do escritor, explica certos aspectos realistas de sua obra: as suas vibrantes páginas de simpatia pelos miseráveis, mendigos, pobres envergonhados, gente anônima de hospital, bairros imundos, casa de malta e suas campanhas de construção da moradia popular, sua luta pela democratização do ensino, mesmo o superior, nasciam desses realismos.O crítico luso odiava a burguesia literária e a grande burguesia financeira, não tanto a burguesia agrária em que ingressou pelo casamento. Os desvios metafísicos do determinismo naturalista manifestam-se em sua obra: a raça é uma das preocupações do autor, por isso sonha como a nova burguesia dirigente: uma aristocracia de capacidades, em que naturalmente se inclui: concebe os senso estético como produto da casta apurada pela experiência da riqueza, pela seleção nupcial que ela permite; nas numerosas alusões autobiográficas deformantes, das quais a mais importante é o capítulo Eu de À Esquina, ora se revolta contra seu próprio plebeísmo irremediável, ora se inculca um degenerado superior, com requintes estéticos.Às vezes, sua obra remete a um Gomes Leal (poeta realista) em que há sugestões de panteísmos gerais, o comando da personalidade pela potência misteriosa da terra, da vida anônima, da hereditariedade, do instinto sexual – ou sugere um Cesário Verde (poeta realista do cotidiano), um pulsar e um sofrer coletivo pela cidade, pelos bairros lôbregos, dos casarões hospitalares, uma dor, um gozo ou uma febre.Seu sentimento de rivalidade literária o descontrola ao julgar Eça e Guilherme de Azevedo depois de mortos, mas exalta, ao mesmo tempo, o pessoalismo camiliano. Tem o culto pelo corpo belo, mas se compraz em descrever o aleijão, o enfezado, o esburrado pela doença e, sobretudo, os tipos decadentes como as condessinhas frágeis, a tísica gentil que gosta de ingerir pétalas de rosa. Ele próprio sente-se um decadente em sua sociedade também decadente.Tem um estilo marcante nos contos País das Uvas, (1863; Cidade dos Vícios, (1882) e Os Gatos (1889-94 é a antropomorfização das paisagens, das plantas, a constante mitificação inconsciente das forças instintivas. Essas obras se consumam pela sugestão simbolista do mistério metafísico, do requinte sobrenatural de beleza, da plenitude mórbida da sensação.A distorção do realismo é, até certo ponto, consciente em Fialho, que critica o preconceito naturalista da arte como objetividade fotográfica, e que, em compensação, sublinha a importância do estilo, atribuindo-se, a si como à sua geração, o papel de criação de uma nova linguagem plástica, como por exemplo: o arcaísmo, o galicismo, o regionalismo, o glossário médico, a fantasia sufixal e a etimologia do escritor, e que é riquíssimo em valores de evocação sensorial (fibrilhas, espiralitas, fosfenas, titilações, estrupidas, putrilagens etc).À sinestesia, à notação preciosista, ao eixo barroco das percepções sensitivas de certos estados psicopatológicos correspondem às audácias de uma imaginação real ou alucinatória, o que se explica na descrição do Enterro de D. Luís n’Os Gatos em diversas equivalências plásticas e dramáticas. Toda obra de Fialho vibra numa tensão destinada a recuar os limites do inexpressivo, ele escreveu o melhor conjunto de contos da literatura lusa da época e, em muitas páginas, como por exemplo, Os ceifeiros.Neste captou momentos inéditos da experiência humana, transcendendo certos limites do seu próprio âmbito social.Seu amigo e admirador Manuel Teixeira Gomes que foi ministro, diplomata e presidente da República, o imitava no estilo. Fialho foi, sem dúvida, o principal formador do naturalismo, por intermédio de sua formação de estilo decadente*.__________________________________________.*SARAIVA, Antônio José. & LOPES, Oscar. História da Literatura Portuguesa. Porto: Editorial Porto, Portugal, s/d.

Categoria
Editora Livraria clássica
ISBN-13 9780366901845
ISBN 0366901842
Edição 1 / 1947
Idioma Inglês
Páginas 1881
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