Sinopse
Em "O quarto século" dialogam dois tempos - passado e presente - e duas visões - a intuitiva e a lógica - representados respectivamente por Papai Longoué e o jovem Mathieu, bem como duas posturas diante da vida, a do escravo Béluse, o homem da plantação, e a do primeiro Longoué, o homem livre, que se insurge desde logo contra o senhor, fugindo para o morro. Com eles a paisagem assume um valor essencial. Entre as Antilhas e a África, o vasto mar, que os separa do Paraíso perdido. Estas são as linhas de força desta obra em que Édouard Glissant cava o solo da memória, em busca de um passado primordial, e deixa fluir no seu discurso poético a angústia do desenraizamento. Essa busca através de duas ordens de realidade, a dos livros e a da memória do povo, através da opacidade do discurso do senhor e a do discurso do escravo, gera o texto, alimenta-o, transforma-o, e traz ao leitor, com a perspectiva de um novo tempo, o futuro, a emoção de uma sensibilidade atenta às cisões na unidade do ser.