PROUNI

O filho do pedreiro vai virar doutor. Essa palavra de ordem foi muitas vezes entoada nas manifestações do movimento estudantil Brasil afora. Hoje, ela é uma realidade.É o que retrata o estudo da minha companheira de luta, Fabiana Costa, vice-presidente da UNE entre 2003 e 2005.Cursas a universidade no Brasil ainda é um privilegio de apenas 13,9% dos jovens de 18 aos 24 anos. É um número baixo se comparado inclusive aos nossos vizinhos da América do Sul. Trata-se do maior desperdício que um país pode cometer! Mas o principal ensinamento para o país é do valor da oportunidade. Quando o ProUni foi criado, a principal crítica era a que rebaixaria a qualidade dos nossos cursos. Especulou- se que os alunos de baixa renda teriam dificuldade para acompanharem as aulas e se manterem nas instituições.Hoje, mais de 700 mil estudantes passaram pelo programa, e os bolsistas do ProUni apresentaram rendimentos acadêmicos superiores ou iguais quando comparados com seus colegas de turma. Aprendemos que mérito e renda são coisas bem diferentes.O trabalho apresentado neste livro de Fabiana Costa, elaborado como sua tese de mestrado, retrata esses aspectos. Recorre a uma análise do ensino superior por toda a década de 1990 e das mudanças durante o governo Lula, além de analisar as universidades sobre o prisma da dificuldade de acesso das políticas públicas capazes de enfrentar esta limitação. Por fim, busca conhecer um pouco quem são estes "ProUnistas"-- e pensar o ProUni pela visão deles, como principais atores que tem condição de analisar seus acertos e limitações.Em junhi de 2010, estive presente na conferência dos primeiros formandos de Medicina beneficiados pelo ProUni. Não vou negar: a emoção que senti foi como se aqueles estudantes fossem da minha família. Naquele momento, já formados, eles eram os doutores da vez. O mérito é nosso ! O mérito é dos estudantes que lutam por um país mais democrático! (Augusto Chagas) Presidente da UNE