Sinopse
A filosofia da diferença, diz Deleuze, tem como tarefa retirar a diferença de seu estado de maldição, isto é, de sua subordinação à identidade. Mas, há, talvez, uma segunda tarefa, a saber, destituir a consciência e restituir a dignidade ontológica do corpo. O propósito da presente obra é abordar esse segundo aspecto, realizando uma crítica aos modelos de consciência, que assumem o papel de fundar a representação, substituindo o Mesmo platônico como modelo que regula a atividade filosófica. Nesse sentido, são exemplares a consciência infeliz hegeliana, a má consciência judaico-cristã, tal como Nietzsche a apresenta, a consciência intencional da fenomenologia e, finalmente, a consciência de classe do marxismo. Mostrando o erro desses modelos, o corpo assume primazia, não mais como fundamento ou imagem que desnatura a diferença, mas, antes, como um antimodelo que trabalha a partir de alianças provisórias, em que a diferença se relaciona com a própria diferença.