ACORDEI LOUCO NUM MUNDO SENSATO OU FOI O MUNDO QUE ENSANDECEU

Acordar num mundo louco através dos poemas de Carlos Henri é imergir em uma linguagem expressionista e dinâmica: Instigante observar os jogos de palavras que o poeta realiza mediante a construção de imagens ora tétricas, perfurando a concretude das relações e reações contemporâneos; ora enérgicas, vertiginosamente interligadas a um certo decadentismo, porém sem suprimir uma perspectiva poética com identidade e força; ora excitadas pelas vivências e memórias do poeta. O protesto, o engajamento lírico e a visão realista de algumas questões são intrigantes, pois expressam uma perspectiva particular do eu-lírico. Os poemas curtas mostram uma linguagem singular, instigam pela cinemática das construções, as metáforas são curiosas, os temas modalizam diversas situações que valorizam, em muito, os poemas. O primeiro livro de Carlos Henri é uma obra que expressa a sua linguagem de forma clara e, mesmo que isso dificilmente exista, original. Dotado de um humor ferino e ácido, a obra está munida de uma realidade visceral. Através de um grito largo e denso, de revolta, são poemas marcados pela vertigem do dia, onde o poeta relata uma conturbada relação com um mundo ensandecido.