ANTES QUE O MUNDO ACONTEÇA
Daniel Baz
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Sinopse
Como pensada para o livro de Daniel Baz, a palavra poética de Rainer Maria Rilke: Onde não há mais nada, ainda acorda o indizível, a dor, de novo o mundo. Sendo obra de estreia, Antes que o mundo aconteça exibe a maturidade de uma experiência vital decantada, de reino interior na terceira margem do indizível, descendendo às profundezas do viver. Criativamente, integra-se um diálogo existencial e de poética que rompe expectativas, tanto ontológicas como de poética. O autor figura seu mundo e tempo, a si mesmo, a poesia, sua poética, o metapoema que escreve pleno de significados diferidos, abertos à interpretação, em uma Doutrina que, sendo artística, resulta antidoutrinária. O exercício autorreflexivo de invenção pela imagem vai fundo e longe, rasga e sangra, evidenciando, sem romper o mistério, a complexidade do ser no mundo ao dar voz à existência inominada.Além da falsa dicotomia de otimismo e pessimismo, o discurso de Daniel Baz é dessacralizador; suas formas, sintéticas, despojadas, lacerantes. Os inventivos enunciados metafóricos categorizam a realidade da ficção no desafio crítico. Configura-se, assim, um mundo estilhaçado e dissonante, conflituosamente real e surreal, veraz e fantasmagórico, assumido sem sentimentalismo, mas desde poderosas emoções. Os grandes afetos estão por completo nessa visão que desmistifica. O autor não temeas trevas do mundo, nem as íntimas do sujeito da ficção e seus diferentes eus: acredita na iluminação poética.Desestabilizador, atento à atualidade e à história da poesia onde fulgura Catulo , o poeta revisita clássicos antigos e modernos com originalidade. Seu livro atualiza a tradição e renova. A diversidade de formas e sentidos traz consigo uma incisiva autoconsciência, nada idílica nem complacente, que confirma o ato poético desalienador. Como imagina José Lezama Lima: O possível ao atuar sobre o impossível, engendra um possível na infinidade, bela alusão ao essencial da poesia, neste caso, muito patente em Antes que o mundo aconteça, onde a existência está por acontecer no acontecendo de uma maneira tão intensa e contraditória, como poeticamente deslumbrante na busca do infinito.