CIVILIZAÇÃO, TRONCO DE ESCRAVOS

Esta obra é, de fato, um libelo destemido” sobre o modelo burguês de civilização em expansão, mas também um manifesto contra as variadas formas de sujeição e de servilismo voluntário” que decorrem e sustentam esse projeto de sociedade. Sua crítica é também direcionada ao indivíduo - mais especificamente ao burguês - que se deixa arrebanhar de forma acrítica e obediente, sem nenhuma resistência, por esse projeto; conduzido, por um lado, pelas ilusões” capitalistas de consumo, divertimentos, prazeres, luxo, aparências; e, por outro, pelo clamor patriótico, nacionalista e bélico. A autora se refere a estes indivíduos com frequência por rebanho humano”, rebanho acadêmico”, rebanho social”. Esta obra de Maria Lacerda segue atual ao chamar a atenção para a necessidade de se levantar contra as imposições autoritárias do governo, contra o ideário das mulheres como propriedade dos homens e contra os costumes moralistas advindos de uma burguesia cristã.(Patrícia Lessa & Claudia Maia).