FLUIDO FLERTE

Adriano Bitarães Netto, em Fluido Flerte (selo Arte Paubrasil), é o sujeito poético que diz a memória dos afetos, dos corpos, dos sopros. Capaz de sentir corpos, luz, sombra, riscos, esse sujeito procura nos objetivos que vê e vive seu vazio, seu oco, até chegar pelo olhar a uma paisagem que tenta revelar com 'palavras entredentes'.Em exercícios ora leminskianos, ora concretos para lembrar algumas de suas heranças literárias -, o verso de Bitarães vai, assim, se fazendo no/pelo viés da história da literatura (canônica ou não) sempre lembrada pelos temas e traços do estilo.Os objetos vão dizendo ao poeta suas palavras e como em um jogo, na brevidade, no instantâneo fotográfico do olhar, o ideograma se faz haicai ou ainda quando a imagem revela a imagem.Em seu fluido flerte com a poesia, Adriano, traz para nossa leitura momentos de suave prazer por meio de suas formas poéticas. 'Chuva foi-se embora.A memória das árvores molha o agora.'